O grafeno – nanopartícula derivada do carbono – vem despertando, cada vez mais, o interesse da indústria, em um contexto global, por conta da versatilidade de aplicação dessa matéria-prima em diversas áreas de produção e inovação. Atentos a esse movimento, o Lactec – um dos maiores centros de tecnologia e inovação do país – e a UCSGraphene – unidade de pesquisa, caracterização e aplicação de grafeno, vinculada à Fundação Universidade de Caxias do Sul – firmaram um convênio de cooperação técnica-científica para projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) e capacitações em nanomateriais, em especial, o grafeno e seus derivados. A parceria se propõe a ajudar o Brasil a se posicionar como líder nesse mercado.
Embora detenha mais da metade das reservas de grafite do mundo, o Brasil é o terceiro em exploração da matéria-prima. A maior parte da extração é destinada a usos industriais para os quais já se tem o domínio das tecnologias de produção, como é o caso de lubrificantes e eletrodos, por exemplo. Mas há um campo enorme de aplicações a ser explorado, que pode gerar produtos inovadores para melhorar o desempenho operacional e produtividade das empresas, resultando em benefícios para toda a sociedade. É justamente nesse contexto que o Lactec e a UCSGraphene pretendem atuar em parceria e dar suas contribuições.
De acordo com o gerente da área de Engenharia de Materiais do Lactec, Guilherme Cunha da Silva, as pesquisas com materiais poliméricos ou em sistemas de armazenamento de energia são exemplos de áreas de estudo em que o Lactec e a UCSGraphene podem trabalhar em conjunto. Essas potencialidades serão identificadas e para cada projeto de PD&I ou outras iniciativas em parceria – como serviços tecnológicos de caracterização ou análises qualificadas de nanomateriais – serão firmados contratos específicos.
A prospecção de possíveis projetos de PD&I para aplicação industrial do grafeno está em linha com as diretrizes do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). Na resolução publicada no início deste mês, o CNPE definiu os “minerais estratégicos para o setor energético” como um dos temas prioritários para investimentos nos programas de fomento à pesquisa, regulados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Momento disruptivo
O coordenador da UCSGraphene, professor doutor Diego Piazza, entende que o momento é disruptivo e representa um avanço importante no nível de maturidade tecnológica da aplicação do grafeno no Brasil, possibilitando que essa matéria-prima inovadora se transforme em produtos de maior valor agregado para a sociedade. “O fomento de parcerias como esta, entre o Lactec e a UCSGRAPHENE, gera condições de auxiliar no desenvolvimento de novas matrizes produtivas ou potencializar as atuais, atuando juntamente com empresas que querem inovar e se posicionar de forma estratégica no mercado nacional e quiçá internacional”, destacou o pesquisador.
Piazza lembra que os estudos na área de nanotecnologia com derivados do carbono já vêm sendo desenvolvidos há muitos anos no Brasil, mas, em sua maioria, ficaram restritos à academia. Visando atender às necessidades de mercado, associando as expertises das pesquisas desenvolvidas pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), a instituição implantou uma rota tecnológica de produção de grafeno e, em 2020, inaugurou sua própria planta, com capacidade para até 5 toneladas/ano de grafeno e derivados: a maior da América Latina, instalada em um parque de ciência, tecnologia e inovação, segundo o pesquisador.
Sobre o Lactec – O Lactec é um dos maiores centros privados de ciência, pesquisa e inovação do país que, ao longo de seus 61 anos de história, vem contribuindo para o avanço tecnológico e o desenvolvimento sustentável dos setores industrial, de energia e de infraestrutura. Sua sede administrativa fica em Curitiba, onde estão instaladas outras quatro unidades tecnológicas, com ampla infraestrutura de laboratórios para atendimento a diversos segmentos industriais. A empresa dispõe ainda da Unidade Nordeste, em Salvador (BA), atendendo clientes de todo o país.
Mais informações, acesse: lactec.com.br
Contato: comercial@lactec.com.br
Sobre a UCSGraphene – é a primeira e maior planta de produção de grafeno em escala industrial da América Latina instalada por uma universidade. Em operação desde março de 2020, reúne a expertise da Universidade de Caxias do Sul conquistada em 17 anos de pesquisa avançada em nanomateriais, gerando grafeno de alta qualidade para a prestação de serviços tecnológicos inovadores.
Mais informações, acesse: ucsgraphene.com.br
Contato: ucsgraphene@ucs.br
ALGUMAS DAS ÁREAS DE ESTUDOS DO GRAFENO NA UCS
Revestimentos avançados – estudo sobre aplicação de nanoestruturas de carbono em polímeros, em especial na área de revestimentos orgânicos (como determinadas tintas). Com a introdução do grafeno, os levantamentos mostram o aumento de qualidade, eficiência e resistência dos revestimentos, com alta condutividade elétrica e térmica. As potenciais aplicações vão de películas para células solares até tintas inteligentes e produtos para a absorção de óleos (que é triplicada com a adição do material).
Nanotecnologia – estudos de utilização de grafeno visando ao aumento da velocidade de carregamento e da capacidade de carga de dispositivos de armazenamento elétrico (baterias e supercapacitores), viabilizando maior durabilidade de uso de eletroportáteis. Outro trabalho aborda a deposição de nanopartículas metálicas sobre grafeno para a produção de dielétricos voltados a baterias e supercapacitores.
Tecidos inteligentes e blindagem – aplicação do grafeno em aerogéis para desenvolver tecidos inteligentes, objetivando a produção de dispositivos com elevada resistência ao calor. A UCS também realiza pesquisas para a utilização de grafeno em equipamentos de proteção, visando à redução do peso e ao aumento da resistência a impacto do equipamento.
Medicina regenerativa – criação de hidrogéis com grafeno, capazes de modular ambientes químicos para o crescimento celular, o que pode abrir condição de uso na medicina regenerativa, contribuindo até mesmo com a recomposição de tecidos do corpo humano.
Fonte: UCS